Título
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PREVENÇÃO DE CÂNCER DE COLO DO ÚTERO: EXPERIÊNCIAS DAS ACADÊMICAS DE ENFERMAGEM VIVENCIADAS DURANTE O EXAME
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Autores
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Silvana Maria Braga Menezes Neves (Relatora)
Marcelo Costa Fernandes
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Modalidade
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Comunicação coordenada
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Área
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Enfermagem em Saúde da Mulher
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INTRODUÇÃO
Acredita-se, que mesmo com a maior democratização de informações acerca do Câncer de Colo de Útero (CCU), ainda há lacunas, bem como resistências das mulheres em buscarem os serviços de saúde, com vistas a prevenção precoce deste câncer, ecoando diretamente nos elevados índices que ainda estão atrelados a esta doença, sendo, com isso, necessário a sensibilização deste público alvo, com vistas a incentivar de forma permanente as mulheres a procurarem a realização dos exames preventivos.
Essa neoplasia inicia o seu desenvolvimento em torno doa 20 anos de idade e, ao longo dos anos seu risco vai se elevando gradativamente e alcança seu ápice por volta dos 45 aos 49, aumentando a possibilidade do surgimento do câncer cervical. Neste sentido, observa-se a relevância da realização do exame Papanicolau, já que este câncer é um dos que oportunizam fazer a prevenção e a detecção precoce, como também a realização do tratamento. Mesmo apresentando uma evolução lenta, a mesma passa por fases pré-clinicas detectáveis e curáveis. O CCU, se descoberto precocemente, possui elevado índice de cura (ARAUJO; LUZ; RIBEIRO, 2011) sendo, portanto, fundamental a sensibilização das mulheres para a realização do exame preventivo.
Mesmo com essa disseminação do câncer no território nacional e dos esforços governamentais com intuito de elevar a detecção precoce do CCU a partir dos exames preventivos, a adesão a este procedimento, segundo Aguilar e Soares (2015), ainda está distante da cobertura preconizada, uma vez que há ainda resistências por partes das mulheres para a sua realização.
Essa relutância em realizar esse exame também é notória nas acadêmicas de enfermagem, como demonstradas em diversas pesquisas (BEGHINI et al., 2006; SILVA, RESENDE, 2009), sendo necessário sensibilizar este público tanto na perspectiva do autocuidado, quanto na socialização, enquanto futuras enfermeiras, da importância dessa prática para as mulheres sob a sua responsabilidade.
OBJETIVO
Descrever as experiências das acadêmicas de enfermagem vivenciadas durante a realização da prevenção do câncer de colo de útero.
MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva com abordagem qualitativa. O estudo foi realizado no curso de graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Campina Grande no campus da cidade de Cajazeiras no estado da Paraíba. Os participantes desta investigação foram constituídos por 17 acadêmicas. Foi adotado como critério de inclusão somente as estudantes regulamente matriculadas no nono período. Foram adotados como critério de exclusão as acadêmicas que realizam cursos de capacitação na área da saúde da mulher, com foco no CCU e nas respectivas medidas de prevenção ginecológica.
A coleta de informações foi realizada por meio da entrevista semiestruturada. Para o procedimento à ordenação e organização dos dados empíricos, produzidos nas entrevistas semiestruturadas junto aos acadêmicos de enfermagem selecionados para esta pesquisa, foi buscado ao processo metodológico do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), que é um mecanismo que viabiliza a representação do pensamento de um determinado grupo.
A pesquisa teve início após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da instituição de ensino sob número 1.642.780. O estudo respeitou a condição humana e cumpriu todos os requisitos de autonomia, não maleficência, justiça e equidade, dentre as outras exigências explícitas na resolução 466/2012 do Ministério da Saúde.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No DSC que aborda as experiências das acadêmicas de enfermagem desta investigação foi possível perceber o conhecimento relativo sobre a imprescindibilidade do exame, bem como o desconforto durante o exame.
A mulher, enquanto ser único possui sua própria singularidade e entendimento sobre o contexto que envolve a realização do Papanicolaou. Um procedimento, em tese simples aos olhos do profissional, pode ser compreendido pela mulher como uma experiência agressiva, tanto física quanto psicologicamente, já que a mulher que busca o serviço traz consigo sua história de vida, permeada de questões sociais, culturais, familiares e religiosas (LOPES, 1998).
Porém, mesmo relatando desconforto para a realização deste exame, as estudantes reconhecem como um procedimento fundamental para a saúde das mesmas, rompendo com os próprios medos e tabus acerca deste exame.
Esses achados convergem com a investigação de Araújo, Luz e Ribeiro (2011), realizada com acadêmicas de uma faculdade de enfermagem no interior do Estado de Goiás, onde demonstram que, apesar dos sentimentos de vergonha, constrangimento e desconforto experienciados pelas estudantes, no geral elas costumam realizar o exame e demonstram a importância da prevenção a fim de evitar a doença.
Por serem estudantes de curso da área da saúde, as participantes deste estudo se apropriam de conhecimentos que lhe são úteis na trajetória formativa. Entende-se que tais saberes adquiridos, seja por elas apreendidos, adotados e implementados também em seu cotidiano pessoal (BEGHINI et al., 2006).
Segundo Oliveira et al. (2006), um dos fundamentais motivos associados à não efetuação do exame citopatológico do colo do útero são: idade, cor da pele, escolaridade, nível socioeconômico, situação conjugal, não ter executado a consulta médica no último ano, vergonha do procedimento e medo do resultado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O percurso desta pesquisa, permeado de meandros que ecoaram positivamente no amadurecimento das particularidades envolta deste estudo, buscou averiguar as experiências das acadêmicas de enfermagem sobre a prevenção do câncer de colo de útero.
Há conforme observado no estudo a descrição das experiências, que as mesmas passaram, ao se submeterem à colpocitologia oncótica, onde as acadêmicas relatam certo medo, porém por já conhecerem a importância desse exame, conseguiam romper com este obstáculo, e por consequência, a busca da promoção da sua saúde e prevenção de doenças.
Cabe destacar que este estudo possui limitações, visto que foi desenvolvido somente com acadêmicas de uma única instituição de ensino, sendo necessário a realização de novas investigações com vista ao levantamento de um diagnóstico situacional a fim de identificar em outros cenários, os saberes e experiência acerca do exame de Papanicolau.
Descritores: Conhecimentos, atitudes e praticas em saúde; Estudantes de Enfermagem; Teste de Papanicolaou.
REFERÊNCIAS
AGUILAR, R. P; SOARES, D. A. Barreiras à realização do exame Papanicolaou: perspectivas de usuárias e profissionais da Estratégia de Saúde da Família da cidade de Vitória da Conquista-BA. Physis., Rio de Janeiro, v. 25, n. 2, p. 359-379, jun. 2015.
ARAUJO, C. S.; LUZ, H. A.; RIBEIRO, G.T. F. Exame preventivo de Papanicolaou: percepção das acadêmicas de enfermagem de um centro de universitário no interior de Goiás. Rev. Min. Enferm, v.15, n.3, p.378-85, jul./set. 2011.
BEGHINI, A. B. et al. Adesão das acadêmicas de enfermagem à prevenção do câncer ginecológico: da teoria à prática, Florianópolis. Texto contexto – enferm,v. 15, n. 4, p. 637-644, dez. 2006.
LOPES, R. M. L. A mulher vivenciando o exame ginecológico na presença do câncer cérvico-uterino. Rev Enferm UERJ, n. 2, v. 2, p.165-170. 1998.
OLIVEIRA, M. M. H. N. et al. Cobertura e Fatores Associados à não Realização do Exame Preventivo de Papanicolaou em São Luís, Maranhão. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 9, n. 3, 2006.
SILVA, V. C. G; RESENDE, C. L. Adesão das acadêmicas de enfermagem do centro universitário da grande dourados ao exame preventivo papanicolaou. Interbio, v.3 n.2, p. 53-64, 2009.